Há mais de 25 anos que trabalho a ligação entre a saúde oral e a saúde geral e essa ligação não só é inegável, como se tem tornado cada vez mais importante à medida que compreendemos claramente que, se algo está errado no corpo, o processo de diagnóstico pode muito bem ter de começar pela boca.

A ligação entre os dentes e o cérebro

Sabia que ter os dentes e as gengivas em bom estado contribui para um cérebro saudável? Cada vez mais estudos evidenciam a ligação entre uma boa higiene oral, a redução de agentes patogénicos na corrente sanguínea e a diminuição da inflamação, o que tem um impacto comprovado no funcionamento do nosso cérebro.

Por exemplo, no artigo de Março 2023 “Poor Oral Health Is Associated with Worse Brain Imaging Profiles” podemos ler que “A saúde oral deficiente é um problema de saúde pública significativo que tem sido associado a uma variedade de condições de saúde. Estudos epidemiológicos indicam que uma saúde oral deficiente, mais especificamente a periodontite e a perda de dentes, aumenta o risco de declínio cognitivo e demência. Além disso, a perda de dentes e a periodontite foram identificadas como factores de risco para o AVC.” Dá que pensar, não é verdade?

Quando paramos para pensar que tratamentos dentários antigos, desactualizados, mal-executados ou contaminados podem estar a causar inflamação e toxicidade silenciosa na cavidade oral, o que por sua vez se desloca até ao cérebro e pode, em última instância, contribuir para doenças cognitivas como a demência, Parkinson ou Alzheimer, temos de parar para pensar se estamos a prestar atenção suficiente à nossa saúde oral. Além disso, temos de estar em sintonia com o facto de que o estado actual da nossa saúde oral pode já estar a afectar o nosso bem-estar geral, se tivermos problemas difíceis de diagnosticar ou sintomas que simplesmente não desaparecem.

Vamos usar os nossos cérebros, sim?

Dar prioridade à saúde dentária é muito mais do que apenas um sorriso bonito – trata-se de nutrir o nosso bem-estar oral e cognitivo.